segunda-feira, 29 de junho de 2009

Guarda-Costas

Maldito crescimento .
A menina dos meus olhos hoje cresce, se desenvolve .
E vai dando trabalho .
Não por ela .
Por eles .
Nunca imaginei que o ciúmes mudaria o foco .

Pago pau mesmo !
E ai daquele que pagar e se aproximar .

Enquanto agente duplo, KGB neles !

Mais uma vez

Ele alto e rechonchudo,
Traços negros feios de pele clara .
Ela morena vistosa,
De cabelos lisos e nariz afilado .
E um tanto quanto em pé .

Com muito carisma e alegria
Ele avança .
Sem vontade e vergonha do que pensam os outros
Ela recua .

Diziam que era impossível .
Não acreditaram/acreditei que seria capaz .
Mas conseguiu .
De verdade, do fundo do coração, parabéns .
Talvez só eu entenda, mas ele merece .

terça-feira, 23 de junho de 2009

Gongorismo

Atacando por entrelinhas
Defendendo em entrepontos
- que nem são meus -
Segue o circo.

Meu gladiador favorito,
munido de uma espada e passo leve,
É letal.
Não entendo seu comportamento,
Mas hoje em combate ele é bom.

Derruba leões robustos e atacantes .
Derruba escravos esmirradinhos sorridentes.
Leva ao delírio a plateia masculina.
Espera o chamado do rei,
Sem saber que espera, sem saber se vem.

Prepara-se para o confronto final.
É contra aquele outro, o legionário.
Vindo de muitas vitórias e várias promessas.
Vindo de longe, bem longe.

Só uma batalha, só um vencedor.
Sobrevivente que ficará com toda a glória e a fama .
Mais que isso, o amor da plateia.
O amor do rei.

Só que o rei já tem um escolhido.
E ele não irá deixá-lo morrer.
O legionário vem para uma batalha perdida.
Nada que faça - ou diga - irá mudar isso.
O gladiador: o prefirido do rei.

Repescagem

20 de Maio de 2009 .

domingo, 21 de junho de 2009

Visão Peripécia

Os vermelhos habitam meus sonhos .
Minha casa, minha canção:
Codificam .

Esplendor branco .
Criptografado .

Justiça cega, inteligência vã .
Amarelando o tempo, roxeando-me .

No véu azul da dança de roda
Outrora verde - ou até anil:
Sem foco .

Era laranja ?
Pois bem, aquele vi verde, nem um pouco maduro
Mas de encontro aos vermelhos .

Dentre a coleção de cores as quais não a vejo,
Só por uma lamento :
- O preto . A preta .

A minha .

Ciclista

Me desajeito preocupado
Falo pouco, falo muito .
Com cuidado .

Se delicia esperando
Sorri,
Estranha,
Finge graça .
Pra que ela não me falte .

A espero ou me espera ?
Tanto faz . Assim...
Nunca chega !

Mas cintilando de mansinho
Ou meninando risonhamente...

Recomeça .

Trailer

Tudo num cafofo .
Escuro e apertado .
Um sofá, uma mesinha de centro .
Tudo bagunçado .

Tudo sob a luz de um crepúsculo caribenho .
Aquela que mexe comigo .
Sob persianas de um tom só simbólico .
Um ventilador fingido, estilo roda-gigante .

O calor ! Ah, o calor !
Aquele intenso e gostoso, sabe ?
De feromônio do clima
De desejo o toque .

Os dois . Só os dois .
Rostos roçando em meio ao cheiro .
Prévia do amasso, pós concordância .
Ali se encontram . Me encontro bem .

Alento...

... suspiro ...

Maria Cristina Moragas

Musculosa e com um sorriso que me encanta .
Com um jeito que me encanta .
Eu a conheço e leio os seus olhares .
Mas não a decifro .
Sequer ouso definir .
Coisas definidas são palpáveis e até previsíveis .
Gosto de suas surpresas .
Mais que isso, gosto de me surpreender com sua imensidão .

Indecifrável, mas cifrável .
Dentre a mágica de um teatro e a viola de um Almir,
Sempre a vejo tocando em frente .
É uma chefe responsável e respeitável .
Da Lapa pra Patola e em breve pra Veterinária .
Minha protegida .
E ai de quem mexer contigo !
*Sangue no olho*

Com um empréstimo de Camelo, já sei o que responder pro paga-pau da bala de goma:
' Diga ao menos o que foi
E se eu faltei em te explicar
Diz que a gente sempre foi
Um par '

Meu par .

Sonho

Subiu as escadas desesperado .
Chegou ao décimo segundo andar .
"Promessa comprida . Cumprida " .
De posse de um rei de paus,
Abriu para o vento e o encarou .
Embebido pela sua canção
- mesmo que maestrada pelos gatos -
Se aproximou .
Pensou na Lua .
E no estrago da ocasião .
Mas majestade sem reino não cai bem .
Um rei de paus era pouco .
O Sol logo viria para tirá-lo de lá .
Teria de ser feito .
Sabia o quanto estava sendo fraco .
E hipócrita .
Mas, não mais pela primeira vez . Teve medo .

Um sonho .

Sonhar

" Eu tive um sonho
Há muito não sonhava... "

Voltei a sonhar .
Literalmente .
Não meus sonhos premonitórios, mas meus sonhos .
Aqueles de lugares desconexos e inexistentes .
Os meus lugares .
Com pessoas diferentes e tão iguais .
E com ações nada comum .
De ninguém .
Sonhos de misturas bacanas, que me arrancam sorrisos .
Entre beijos, abraços, facadas, amigos,
Me sinto bem nesse universo paralelo .
Universo paralelo cujo detentor da única chave sou eu .
Detentor da única chave e elo conector .

De cá pra lá, sou peneirado .
Só passa a consciência e o conhecimento .
Os fatos do dia são modificados a noite,
Me contando uma nova versão ou uma nova história todo dia .

Momentos

III

As maçãs aparentavam fúria .
Seria por causa da companhia da ameixa ?
Ou pelo fato da ausência das jaboticabas ?
De todo modo, elas marcharam .
Deixando o pomar desnorteado .


II

E ele já pode dormir em paz .
Os ventos do passado - gelaaaaaaaaaaaaados .
Sopraram sob seus cabelos .
E inacreditavelmente - mesmo congelando pessoas e descongelando outras - o fizeram bem .


I

Num tom fúnebre:
Pressinto, sinto e a absorvo .
Minha melancolia se forma .
E em meu sal - só nele - se desfaz .

Gema

De pele branco rosada e sorriso fácil .
Com longos e cheios fios levemente castanhos .
Se energiza .

Diamante de olhos
Engole ametista
De lábios rubís .

De gema formada
Envolta em clara toalha enfumaçada
Sob a casca virá a tona .

Em preferência - e desejo - esmeralda .

Inexorável

De volta
Sem Polka
Bailando ao ritmo dos ventos .

Só sei que meu barril não tem mais chocolate .
De pavio aceso e estopim curto,
Pa-ci-en-te-men-te ele espera .

Que nem o tempo,
Inexorável .