segunda-feira, 25 de abril de 2011

Avóhai



Acabou a Marildinha.

Acabaram-se os três beijinhos. Que às vezes eram onze. Pelo menos onze.
As corujas, o papa léguas e os cavalos-marinhos não terão mais tanta graça.
Acabaram os pães de queijo. Muitas vezes servido na cama.
Junto deles se foram os biscoitos de polvilho.
Acabaram-se as "piadinhas separadas especialmente pra você" do Super.
Inclusive aquelas de sogra.
Acabou-se o suco de maracujá e a Coca-cola gelada...
Acabaram-se 'os kinder ovos, os trocadinhos, as xícaras, os shampoos... e todas as lembrancinhas.
E acabou-se o porque juntar pequenas lembrancinhas. Aqueles pequenos bichinhos, sabe?
Acabaram-se os 'chatonildos, os antipáticos, os "que menino feio gente"'.
Acabou-se até mesmo o Tiaguinho.

Não haverá mais pudins em aniversários... Não mais aqueles pudins.
Nem o Chapolin e nem Chaves trarão tantas risadas... Até porque não há mais com quem compartilhá-las.
Não haverá mais ligações, no meio da tarde, convidando-nos para assistir 'Matilda', ou até para observar aquele menino no 2 que é a minha cara.
"Como ele canta bonito, né Henrique? É... Canta bonito mesmo! "
Aqueles filmes do Charles Bronson, aquela foto do David Jansen, o seriado dO Fugitivo, o Julio Iglesias, 'besame mucho'... E tantas outras coisas... Tantas outras... Me lembrarão você. Com uma dor no peito e uma saudade imensurável.
E, toda vez que eu ligar, naquele primeiro número que eu gravei, com repetições de 4s e 5s...
Jamais... Jamais novamente... Eu ouvirei aquele alô tão característico, que nem com todos os aparatos que o português me fornece eu conseguiria digitar.
Mas eu sei muito bem qual é.

Com a permissão de Zé Ramalho e a desculpa pela alteração:

' É o terço de brilhantes nos dedos de minha avó...
óh minha velha e indivisível... Avóhai. "