quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Devaneios Divascais

" Bem que eu gostaria, eu ficaria o dia inteiro nu sobre o capô de um carro na marginal pinheiros, com uma garrafa de tequila na mão e dançando cara-caramba-cara-caraô, mas tenho que trabalhar. "

 " ...pra ser sincero não gosto muito da minha voz, que dentro da caixa acústica óssea da minha cabeça soa como de um gentil e respeitável cavalheiro de cartola e monóculo, mas quando ouço num gravador soa mais como um pré-adolescente chorão que se masturba copiosamente como um macaco debaixo de um coqueiro. "

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Afeto

"Não acho que uma música melancólica aumente a melancolia. Na verdade, ela faz companhia."

" Mas e o afeto? Ah, o afeto... Deste eu gosto! Apesar de meu cérebro mandar frequentes mensagens sinalizando que está tudo bem, que o número de pessoas que gostam de mim é maior do que mereço, sempre me parece pequena a quantidade de afeto que gerei. Fico olhando os caras que sabem sorrir na hora certa, abraçar do jeito certo, dizer o que todos esperam ouvir e... putz, este bleeding heart gostaria de fazer miojo sem se queimar. Ao menos uma vez. Falta sabedoria. "

"Sou melancólico por natureza. Ver a manada sair da mesma sessão do mesmo filme para entrar no mesmo restaurante e pedir o mesmo prato que será saudado com os mesmos adjetivos depois de ser pago com um cartão de crédito da mesma marca me deixa ainda mais melancólico."

- Humberto Gessinger, o mago.

Isso tudo soa mais como uma bela definição de mim mesmo.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Rasgos urbanos

O Sol já vai se pôr. Amanhã tem mais...
Questões pequenas me incomodam a ponto de crescer.
E crescer, crescer, crescendo.
Isso é mais uma imbecilidade que podia ser evitada.
Como tantas outras não foram.
Culpa minha.

Isnt unfair?

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Solfejo Crescente

Parados no topo, no cume, acima de todos.
O supra-sumo da sociedade.
Pôr-do-Sol, dezembro, brisa fria.
Um pouco de vinho num vestido floral e um pouco de gana numa jaqueta de couro.
Beijos, afagos, suspiros e carícias.

Tiraram então o carro da Lua e se inflaram de amor.
E, como num filme antigo ao som de violinos, derramaram lágrimas de suor,
gotas de paixão.

E pararam.
E ela deitou em seu peito...
E assim ficaram por tempo suficiente para que ele sentisse os arfados virarem inspirações normais e ela ouvisse os batimentos dele baixar lentamente.
Quebrando o silêncio, ela disse:

- Te amo, sabia? Ele respondeu:
- Sabia!

E riram.

domingo, 8 de maio de 2011

Sorrisos Meninos

Desvinculando meus elos com o passado,
Desfazendo de planos prematuros.
Sonhos prematuros.
Ligando minh'alma somente a exatamente esse momento.
Nada mais me pertence.
Já não reconheço a intersecção deste comigo mesmo.
Aonde foi que me perdi?
Talvez se por acaso me encontrar,
Acho por perto minha espontaneidade,
Parte dos meus sorrisos e a parte mais preciosa de mim.
Dispenso críticas ou comentários sobre.
Quero somente esse deslize silencioso da caneta sobre o papel,
Esse fluxo de energia em letra.
Não me espanta o bolo irreconhecível e amorfo dentro de mim.
Por algum motivo que nem eu entendo, eu fui parando...
No tempo? Talvez.
Dentro de mim? Possivelmente.
Já é quase um estado mecânico-vegetativo...
Isso implica em menos vontade, menos motivo, menos porques...
Nem empurrar com a barriga, com o tempo, gera algo.
Meu mundo particular, cada vez menor, não deixa, quase nunca, transparecer para o exterior como ele está.
Suas portas de entrada estão bem trancadas e cada vez mais seguras.
As de saída, levam em sua totalidade (ou ao menos nos momentos normais)
Ao lar do ócio e do torpor.
Acaba-se assim, então, o ciclo. Vicioso.
E quando, por fim, ele sufucar?

Queria poder compartilhar isso com alguém.
Mas não sei quem. Não vejo quem.

Por isso valorizo afagos e carinhos. Sorrisos a braços.
Me apego aos novos acolhimentos, aos momentos de atenção e
Aos pequenos sorriso meninos.
Não leve a mal, não quero roubar-te para mim.
Na verdade, quero sim. Mas não roubar-te de alguém.
É só roubar para mim. Mas isso, poucos entendem.

Despeço, ao menos em desejo, do autor dessa carta
E torço, bem fundo no meu âmago que o destinatário a receba.
Que não fisicamente, mas ao menos no fundo do seu coração.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Avóhai



Acabou a Marildinha.

Acabaram-se os três beijinhos. Que às vezes eram onze. Pelo menos onze.
As corujas, o papa léguas e os cavalos-marinhos não terão mais tanta graça.
Acabaram os pães de queijo. Muitas vezes servido na cama.
Junto deles se foram os biscoitos de polvilho.
Acabaram-se as "piadinhas separadas especialmente pra você" do Super.
Inclusive aquelas de sogra.
Acabou-se o suco de maracujá e a Coca-cola gelada...
Acabaram-se 'os kinder ovos, os trocadinhos, as xícaras, os shampoos... e todas as lembrancinhas.
E acabou-se o porque juntar pequenas lembrancinhas. Aqueles pequenos bichinhos, sabe?
Acabaram-se os 'chatonildos, os antipáticos, os "que menino feio gente"'.
Acabou-se até mesmo o Tiaguinho.

Não haverá mais pudins em aniversários... Não mais aqueles pudins.
Nem o Chapolin e nem Chaves trarão tantas risadas... Até porque não há mais com quem compartilhá-las.
Não haverá mais ligações, no meio da tarde, convidando-nos para assistir 'Matilda', ou até para observar aquele menino no 2 que é a minha cara.
"Como ele canta bonito, né Henrique? É... Canta bonito mesmo! "
Aqueles filmes do Charles Bronson, aquela foto do David Jansen, o seriado dO Fugitivo, o Julio Iglesias, 'besame mucho'... E tantas outras coisas... Tantas outras... Me lembrarão você. Com uma dor no peito e uma saudade imensurável.
E, toda vez que eu ligar, naquele primeiro número que eu gravei, com repetições de 4s e 5s...
Jamais... Jamais novamente... Eu ouvirei aquele alô tão característico, que nem com todos os aparatos que o português me fornece eu conseguiria digitar.
Mas eu sei muito bem qual é.

Com a permissão de Zé Ramalho e a desculpa pela alteração:

' É o terço de brilhantes nos dedos de minha avó...
óh minha velha e indivisível... Avóhai. "